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sábado, 24 de novembro de 2007

Rodolfo do Estádio das Antas à 3ª divisão

por Elsa Bicho no jornal A Bola
foto: A Bola

Rodolfo jogou no FC Porto de Fernando Santos, hoje está no Igreja Nova

Partilhou o balneário do FC Porto com Vítor Baía, Jorge Costa, Aloísio, Clayton, Secretário, Capucho, Drulovic, Deco e tantos outros, depois da formação cumprida no E. Amadora. Andou emprestado por Varzim e Beira-Mar, quando ainda figuravam na Liga. Rodolfo era uma das promessas do futebol nacional quando, mais tarde, na Académica, uma lesão no joelho lhe hipotecou o futuro. Tentou sorte além-fronteiras mas já se tinha afastado dos grandes palcos. Hoje é titular no Igreja Nova, da 3ª divisão. Sem qualquer desprestígio, garante.

O nome de Rodolfo faz parte do passado recente da Liga. Chegou a jogar no FC Porto, fase que considera ser a mais áurea da carreira, pelo prestígio e dimensão do clube.

Entrou nas Antas pela mão de Fernando Santos com quem havia trabalhado no Estrela da Amadora, clube no qual fez formação e onde chegou ainda criança. Da temporada de 1999/00 lamenta apenas guardar recortes de jornais. Procura agora fotografias desse tempo, com a camisola azul e branca.

De regresso ao Estádio Nacional, para entrevista, Rodolfo revive a final da Taça FC Porto-Sporting, ganha pelos portistas com golos de Deco e Clayton.

Tantas memórias! De todos os clubes defendidos apenas guarda mágoa da Académica, no qual jogou após ter estado emprestado ao Varzim.

«Lesionei-me no menisco. Não tive o apoio do clube. Não me quiseram tratar. Estive oito meses parado. Fui operado e recuperei depois de me terem batido com a porta», revive, deixando, então, esbater o largo sorriso.

Foi então que, pela mão de Rebelo, com o qual se cruzou na Amadora, começou a treinar-se num dos estágios do Sindicato de Jogadores até ter a oportunidade de rumar a França.

Aventurou-se, regressou sem sucesso, ainda se deixou seduzir pelo Chipre, mas também aí a sorte foi madrasta. Deparou-se-lhe, então, a realidade de ter de desistir do futebol profissional. Tem ainda 31 anos.

«Conheci o Rui Paulo, treinador do Igreja Nova, no curso de I nível do treinador, carreira que me interessa agora seguir. Ele convidou-me para continuar a jogar e aceitei porque consigo conciliar com os estudos. Voltei à Universidade. Deixei o curso de turismo e estou no primeiro ano de treino desportivo com especialização em futebol», conta.

Nova realidade


Rodolfo chega ao Grupo Desportivo Igreja Nova e cumprimenta tudo e todos. São 19:30, noite cerrada. Horário de muitos jogadores que já cumpriram dia de trabalho. «Então, cavalão, que tal vais?», pergunta-lhe um colega. Rodolfo ri-se.

«Chamam-me assim porque às vezes venho para aqui para o ginásio e coloco muito peso na barra», justifica.

Desprestígio alinhar na 3ª divisão?

«Não, não me envergonho. Tenho todo o orgulho. As pessoas tratam-me bem, sinto-me útil e acarinhado. Fico contente de poder transmitir algumas das minhas vivências a estes jogadores que nunca chegaram onde eu cheguei. Acho que acrescento algo de positivo à equipa. Às vezes oiço da bancada: Ó Rodolfo vai para o FC Porto! Vai para casa que isto já não é para ti! Mas são comentários resultantes da emoção do jogo», diz, revelando ter encontrado alternativa para ganhar a vida: «Viver do futebol passou a ser uma ilusão. Giro um ginásio com a minha irmã e tento ter outras fontes de rendimento. Custou-me de início passar de profissional a amador. Mas tive de mandar tudo para trás das costas!»

Ensinar miúdos mostrou-lhe alternativa
«Treinar? Gosto da ideia!»
A vida de Rodolfo virou-se do avesso depois de o futebol profissional lhe ter fechado a porta.

Ainda recebeu propostas, no início desta época, de clubes da 2ª divisão. Um deles foi o Olivais e Moscavide. Porém, desiludido com o futebol, onde diz ter aprendido a destrinçar os amigos das pessoas que pouco interessam, convenceu-se de que os estudos teriam de assumir-se como prioridade. Assim, só uma equipa amadora lhe permitiria manter-se fiel à ideia de voltar a ser caloiro na Universidade Lusófona. «Tive outras propostas mas sei que tenho de investir em mim. Ser treinador principal de uma equipa sénior é ideia que me agrada. Nestes intervalos e impasses, fui treinador das camadas jovens do Damaiense. Gostei da experiência. Estive, depois, com o Rui Neves, a orientar os juvenis B do Estrela da Amadora. Aliás, foi o presidente, António Oliveira, que falou comigo, por entender que os antigos jogadores deveriam continuar ligados ao clube. Também me contactaram para trabalhar com os juniores do Pêro Pinheiro. Acredito que treinar pode ser projecto a médio prazo», avança o médio defensivo, crente de que continuará a jogar futebol enquanto as pernas estiverem desenferrujadas.

Por agora, até acha graça às bolas e às chuteiras pretas, mascarradas da borracha do sintético.

Um comentário:

Anônimo disse...

Grande Rodolfo!!!

Há-de lá voltar, mas como treinador e sacar mais títulos que qualquer treinador português.

Ass: O Sr. Cheiro a Balneário