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domingo, 11 de novembro de 2007

Mais Real - Atlético

por Paulo Veríssimo no jornal A Bola

AF Lisboa apura responsabilidades da venda irregular de bilhetes
Inquérito ao Real-Atlético

A Associação de Futebol de Lisboa, responsável pela organização do jogo Real-Atlético, no qual foram utilizadas quotas suplementares rasuradas em substituição de bilhetes para não sócios, determinou a abertura de um inquérito. Carlos Ribeiro, o presidente, assumiu que a culpa pode ter sido repartida entre este organismo e o Real, mas salientou que só poderá agir após a conclusão das investigações.

— Afinal, quem cometeu a irregularidade de rasurar as quotas suplementares no jogo Real-Atlético?

— É o que está a ser averiguado. Após o inquérito podemos ter uma resposta.

— Mas o Real acusa o fiscal da AFL e a associação de serem responsáveis pelo problema...

— Alguém teve de dar os papelinhos das quotas das épocas anteriores ao fiscal. A associação tem as costas largas e não costuma acusar os clubes do que quer que seja. As responsabilidades até podem ser repartidas, tanto da parte da associação como do Real, mas só depois de terça-feira, quando as direcções da AFL e do clube se reunirem, é que poderão tirar-se todas as dúvidas.

— O que aconteceu é pouco claro. Além do mais, podemos estar em presença de uma situação de fuga ao Fisco...

— Se houver matéria para tal, será instaurado um processo disciplinar. Na minha opinião, não se trata de uma fraude, pois o mapa financeiro do jogo tem o número de bilhetes vendidos.

— E a receita das quotas suplementares?

— Não temos acesso a essas contas, nem queremos ter. A AFL só contabiliza bilhetes vendidos e não quotas. O clube é responsável pela venda das quotas suplementares a sócios e por declarar o IVA ao Estado.

— Segundo a FPF, rasurar bilhetes é ilegal. Logo, houve irregularidade.

— Se calhar até é, mas, numa primeira leitura, não o considero uma irregularidade. Nem considero a questão urgente. Diga-se que talvez tenha havido uma comunhão de interesses entre fiscal, Real e o próprio Atlético, que esteve presente nas bilheteiras para tentar solucionar a questão.

Fiscais residentes

— Como se chama o fiscal que esteve no jogo?

— Não me lembro do nome. Está no mapa financeiro que está na associação.

— Quem escolhe os fiscais para os encontros?

— Não são escolhidos. É um sistema que está implementado há vários anos.

— Como funciona esse sistema?

— Os fiscais trabalham há anos nos mesmos clubes, pois são da nossa confiança e do clube. Geralmente, são quase sempre os mesmos que vão para os mesmos sítios, para assegurar que não aconteça problemas.

— O fiscal foi ouvido?

— Vai ser ouvido na próxima semana.

— O que é que a AFL pode fazer para evitar que um problema destes não se repita?

— Existem regras que os fiscais e porteiros têm de conservar. Talvez chamando a atenção de todos para o cumprimento dessas regras.


Ângelo Mesquita
«Bilhetes, não rasuramos»

O presidente do Atlético, Ângelo Mesquita, justificou ontem o teor da carta enviada à Direcção do Real, após a notícia sobre a venda de quotas suplementares rasuradas. O dirigente considera que «os dirigentes do Real são honestos, até prova em contrário», tenha havido ou não irregularidade na venda de bilhetes.

«Não penso que seja uma situação normal rasurar quotas suplementares, mas não penso que seja ilegal. No Atlético não rasuramos bilhetes nem quotas e todas as suplementares, destinadas a sócios, entram nas contas do clube e são declaradas ao Estado», explicou, salientando, ao mesmo tempo, que a Direcção alcantarense não está, de maneira alguma, contra os sócios [Luís Howell e José Manuel Flores] que denunciaram o problema na comunicação social:

«Têm o direito de manifestar indignação, mas nos canais próprios, como a direcção do clube. Só nos demarcámos da forma como abordaram a questão, ao mencionarem o nome do presidente do Real, José Libório.»

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