Hoje na imprensa desportiva diária.
Notícia retirada do Expresso
De Belas para as bancadas do Gerland
Os outros heróis do mundial
Dirigentes e jogadores de uma pequena equipa portuguesa de râguebi - O Belas - quotizaram-se e angariaram apoios para poderem vir a França apoiar a selecção. De carrinha e, por vezes, acampando, concretizaram o seu sonho, realizando um pequeno treino com os Lobos em Chambon-sur-Lignon. E estarão sábado, ao meio-dia, nas bancadas do estádio de Lyon, juntamente com muitos outros portugueses, para os apoiar contra a Nova Zelândia (transmissão Sport TV).
A aventura começara uma semana antes, reunindo pessoas e bagagens em três carrinhas de nove lugares, alugadas com o apoio da Câmara de Sintra e doutros patrocinadores. Pelo caminho, chegaram a ter um jogo combinado com uma equipa francesa de Biarritz que se resumiu a uma confraternização mas disputarão um outro, este a sério, em Saint Étienne. Chegaram aqui no dia do jogo com a Escócia, depois de uma longa viagem pelas estradas nacionais, "para poupar nas portagens". Cada um dos viajantes teve, ainda assim, que tirar das suas poupanças à volta de €200. "No fundo", explica Tiago Ataíde, treinador da equipa, "foi uma maneira de realizarmos o estágio de início de época, dando algum traquejo internacional aos jogadores e permitindo-lhes vir apoiar a selecção". Um apoio que, por falta de orçamento se resumirá aos dois primeiros jogos. Depois, será o regresso, via Madrid para um jogo-treino com o Getafe.
O mundo nem sempre é injusto. A iniciativa, vinda de um clube que nem um relvado próprio tem (treinam das 21 às 23, num campo alugado, no Cacém), granjeou simpatias. A comunidade portuguesa de Saint Étienne recebeu-os da melhor forma e até lhes arranjou um alojamento melhor que as tendas de campismo, isto para além de algumas refeições. Os bons ofícios da vereadora do município local, Alexandra Custódio, resultaram em convites para ver os treinos da Escócia e nalgumas visitas culturais. E, como recordou Ataíde, contemporâneo nos relvados de alguns dos actuais seleccionados, "tivemos a honra de ser recebidos pelo embaixador de Portugal e pelo cônsul em Saint Étienne".
Para os jogadores, um misto de seniores, sub-20 e sub-18, melhor que tudo isso foi poder fazer uma breve treino com alguns dos seus ídolos, que jogam na selecção. Um deles dizia no fim: "o Pinto encostou-se a mim e fiquei todo dorido. E era a brincar". Outro, mais franzino, recordava um jogo do campeonato com a Académica, em que tinha chocado com Rui Cordeiro, o segundo atleta mais pesado deste Mundial. "Levei com o pilar da selecção em cima e sobrevivi. Não hei-de estar feliz?"
Mais o mais orgulhoso de todos foi o que, exprimindo-se num inglês irrepreensível e com o sorriso radioso que só um africano tem, desconcertou uma jornalista de uma cadeia de televisão neo-zelandesa:
- Este vai ser o jogo entre as duas melhores selecções deste Mundial.
- What???
- Pois. É a melhor selecção profissional, contra a melhor selecção amadora...
A observação não podia ser mais judiciosa. Ao fundo do relvado, os avançados da selecção treinavam entusiasticamente as "melées", numa das raras vezes em que tiveram à sua disposição uma máquina a sério. E conseguíam arrastar o aparelho, mesmo lastrado com um saco de 40 kg de areia e alguns dos jogadores mais fortes. Para treinar as reposições de bola em jogo, as "touches", lances pouco conseguídos perante a Escócia, improvisou-se uma vara bifurcada no topo e atada com uma cinta, por cima da qual devia passar a bola, ao ser reposta em campo. "Estão a ver?", apontava um dos jogadores para os jornalistas, "isto é que é alta tecnologia de treino". "Altíssíma", respondia um companheiro de equipa. "Tem para aí uns quatro metros..."
Um comentário:
Como se diz na peça o campo alugado não é no Cacem, mas sim na Agualva, no campo do GINÁSIO CLUBE 1º DE MAIO DE AGUALVA, clube que recebe com prazer o Rugby e não recebe subsidios de nenhuma entidade.
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